Sífilis: uma doença em expansão

A sífilis é uma doença silenciosa e de caráter sistêmico. Ela é causada pela bactéria Treponema pallidum, transmitida por contato sexual. Pode ser transmitida também na gestação ou parto, causando consequências como aborto, natimorto, parto prematuro, retardo do desenvolvimento neuropsicomotor, lesões de pele e malformações, com mortalidade em torno de 40% nas crianças infectadas. A bactéria que causa a sífilis pode permanecer no corpo da pessoa por décadas para só depois manifestar-se novamente.

Quem possui sífilis pode apresentar diversas manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária).

A manifestação inicial é uma úlcera no local de entrada da bactéria, geralmente na região genital, que sara sozinha. Ainda manifestações iniciais incluem erupções/manchas no tronco, nas mãos e pés; placas e lesões em mucosas. Esta fase pode ser acompanhada de sintomas inespecíficos como febre baixa, mal-estar e cefaleia. Se a doença não for tratada pode evoluir para estágios mais graves acometendo o sistema nervosos central e cardiovascular

Segundo dados atualizados do Ministério da Saúde, cerca de 64.300 casos de sífilis adquirida foram registrados no Brasil somente no primeiro semestre de 2021. O número é 16 vezes maior do que em todo o ano de 2010, quando 3.936 pessoas foram diagnosticadas com a doença. A causa principal do aumento de número de casos é a não utilização de preservativos nas relações sexuais.

Sinais e sintomas:
Sífilis primária
Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias e é chamada de “cancro duro”.

Normalmente, ela não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha.

Essa ferida desaparece sozinha, independentemente de tratamento.
Sífilis secundária

Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial.
Podem surgir manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas em bactérias.

Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas pelo corpo.
As manchas desaparecem em algumas semanas, independentemente de tratamento, trazendo a falsa impressão de cura.
Sífilis latente – fase assintomática
Não aparecem sinais ou sintomas.
É dividida em: latente recente (até um ano de infecção) e latente tardia (mais de um ano de infecção).
A duração dessa fase é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária.
Sífilis terciária
Pode surgir entre 1 e 40 anos após o início da infecção.
Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.

Diagnóstico:
O teste rápido (TR) de sífilis está disponível nos serviços de saúde do SUS, sendo prático e de fácil execução, com leitura do resultado em, no máximo, 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial. Esta é a principal forma de diagnóstico da sífilis.

O TR de sífilis é distribuído pelo Departamento das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais/Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde (DIAHV/SVS/MS) como parte da estratégia para ampliar a cobertura diagnóstica da doença. Nos casos de TR positivos (reagentes), uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste laboratorial (não treponêmico) para confirmação do diagnóstico.

Tratamento:
O tratamento de escolha é a penicilina benzatina (benzetacil), que poderá ser aplicada na unidade básica de saúde mais próxima de sua residência.
Esta é, até o momento, a principal e mais eficaz forma de combater a bactéria causadora da doença.
Quando a sífilis é detectada na gestante, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, com a penicilina benzatina. Este é o único medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical, ou seja, de passar a doença para o bebê.

A parceria sexual também deverá ser testada e tratada para evitar a reinfecção.
Pacientes co-infectados por HIV e demais indivíduos com imunodepressão necessitam cuidados e tratamentos algumas vezes mais complexos, a depender da análise do infectologista.

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