Bioterrorismo: ficção ou risco real?

De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos, o bioterrorismo é a liberação proposital de vírus, bactérias ou outros agentes, com o objetivo de provocar doenças ou morte em pessoas, animais ou plantas. Estes agentes são tipicamente encontrados na natureza, mas é possível que possam ser alterados para potencializar sua patogenicidade (capacidade de causar doenças) e torná-los mais resistentes aos medicamentos existentes ou para incrementar sua capacidade de se disseminar no meio ambiente.
Agentes biológicos podem ser disseminados através do ar, água ou alimentos, através de vetores (mosquitos, carrapatos), através de animais ou de pessoa a pessoa. Terroristas podem usar agentes biológicos porque eles são extremamente difíceis de detectar e não provocam doenças antes de várias horas ou dias. Alguns agentes de bioterrorismo, tais como o vírus da varíola, podem ser transmitidos de pessoa para pessoa, enquanto outros, como o antraz, não podem.
Os agentes bioterroristas mais usados são:
Bacillus anthracis, a bactéria responsável por causar a doença antraz;
Clostridium botulinum, a bactéria que desencadeia o botulismo;
Yersinia pestis, a bactéria responsável pela peste;
Varíola maior, o vírus que causa a varíola;
Francisella tularensis, a bactéria que causa a tularemia ou “febre do coelho”;
Arenavírus ou filovírus, alguns tipos de vírus que causam febres hemorrágicas, por exemplo vírus Ebola, Marburg e Lassa

Além destes, existem outros inúmeros alimentos ou agentes que poderiam ser usados ​​em um ataque bioterrorista, incluindo armas biológicas sintéticas.
O bioterrorismo é hoje uma ameaça real em todo o mundo. Considerando-se que as ações de bioterrorismo utilizam agentes biológicos capazes de promover grandes epidemias e sobrecarga nos sistemas de saúde de qualquer cidade, estado ou país, o bioterrorismo passa a ser não apenas uma preocupação de governantes e militares, mas também dos profissionais da área da saúde, principalmente os Infectologistas.
O uso de armas biológicas não é ficção e não é recente. No século XIV, durante o cerco da cidade de Caffa, Criméia, os tártaros lançaram os cadáveres de seus soldados mortos pela peste, sobre os muros da cidade sitiada, a fim de provocar uma epidemia de peste no inimigo e assim derrotá-los.
Na América, em 1763, o exército britânico em guerra contra os franceses enviou cobertores e lenços previamente utilizados em um hospital para pacientes com varíola aos índios Delaware, aliados dos franceses.
O Japão conduziu pesquisas com armas biológicas, na Manchúria, de 1932 até o final da Segunda Guerra Mundial, com os agentes biológicos da peste, antraz, cólera, entre outros.
Em setembro de 2001, o público americano foi exposto aos esporos do antraz como uma arma biológica entregue pelo sistema postal dos Estados Unidos. O centro de controle e prevenção de doenças (CDC) identificou 22 casos confirmados ou suspeitos de antraz durante este ataque.
Frente aos recentes conflitos armados no século XXI, é necessário considerar o bioterrorismo como uma ameaça real, sendo que a melhor forma de o combater é através da difusão de conhecimento especialmente da área de Infectologia, com a capacitação de todos os profissionais que são responsáveis por atuar em situações de primeira resposta, viabilizando o rápido isolamento de áreas, avaliação do risco e da extensão dos danos, proteção individual e coletiva, procedimentos de descontaminação, e sobretudo, o diagnóstico e tratamento precoces da vítimas.
Fontes: CDC, MedicineNet, SciELO, Fiocruz, CanalTech

#CentersforDiseaseControlandPrevention
#cdc
#Fiocruz
#MedicineNet
#bioterrorismo
#guerrabiologica
#drajulianegomesinfecto

Curiosidades