Século XXI e doenças negligenciadas

As doenças negligenciadas, muitas vezes denominadas de doenças tropicais negligenciadas (DTN), correspondem a um grupo de doenças infecciosas que afeta predominantemente as populações mais pobres e vulneráveis e contribui para a perpetuação dos ciclos de pobreza, doença, desigualdade, baixa produtividade e exclusão social
A pobreza está intrinsicamente relacionada com a ocorrência de doenças tropicais negligenciadas (DTNs). Os principais países com os menores índices de desenvolvimento humano (IDH) e a maior carga de DTNs estão nas regiões tropicais e subtropicais do globo terrestre.

O IDH é calculado anualmente pelo Pnud (Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas) para comparar a qualidade de vida entre países. Ele usa três indicadores: expectativa de vida, PIB per capita e quantos anos as pessoas estudaram.
O índice vai de 0 a 1 e, quanto mais perto de 1. mais desenvolvido é o país.
No relatório divulgado em dezembro 2020, o Brasil caiu 5 posições, do 79º para o 84º lugar (entre 189 nações).

Dentre as doenças negligenciadas de maior interesse no cenário brasileiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualmente prioriza a tuberculose, esquistossomose, a dengue, a doença de Chagas, as leishmanioses, a hanseníase, a filariose linfática, a oncocercose, as helmintíases (verminoses) (p. ex ascaríase e ancilostomíase), o tracoma e a raiva.

Leishmanioses, tuberculose, dengue e hanseníase ocorrem em quase todo o território do Brasil. Mais de 90% dos casos de malária ocorrem na região norte e há surtos de filariose linfática e oncocercose. As regiões norte e nordeste apresentam o menor IDH e concentram o maior número das DTNs. Essas doenças são consideradas negligenciadas devido à falta de investimento no desenvolvimento de novas drogas e vacinas e pela pouca eficácia dos programas de controle. Um problema preocupante em relação às DTNs é a co-infecção com HIV, que favorece manifestações clínicas graves e falência terapêutica.

Contudo, ainda há existem outras doenças tropicais de importância epidemiológica no Brasil: amebíase, giardíase, teníase, cisticercose, febre amarela, cólera, paracoccidioidomicose, leptospirose, miíase e escabiose.
Além das lacunas relacionadas a diagnóstico, tratamento e implementação das ações preventivas nos diferentes contextos globais endêmicos, questões como aumento das desigualdades sociais e econômicas, mudanças climáticas, conflitos armados, emergência de doenças (como a COVID-19), bem como dificuldade de acesso aos serviços de saúde e infringência dos direitos humanos, consolidam os imensos desafios para o controle das DTNs em pleno século XXI.

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