LEPTOSPIROSE Estação das chuvas: proteja-se

A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda que ocorre devido a exposição direta ou indireta a urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria Leptospira, que penetra a pele através de lesões, ou mesmo através da pele aparentemente integra imersa por longos períodos em água contaminada ou através de mucosas.
O período de incubação, ou seja, tempo entre a infecção da doença até o momento que a pessoa leva para manifestar os sintomas, pode variar de 1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 e 14 dias após a exposição a situações de risco. As manifestações clínicas variam desde formas assintomáticas e subclínicas até quadros graves, associados a manifestações fulminantes.

A doença apresenta elevada incidência em determinadas áreas além do risco de letalidade, que pode chegar a 40% nos casos mais graves. Sua ocorrência está relacionada às condições precárias de infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores infectados.

IMPORTANTE: As inundações propiciam a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos.

No Brasil, a leptospirose é uma doença endêmica, tornando-se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e áreas metropolitanas, devido às enchentes associadas à aglomeração populacional de baixa renda, às condições inadequadas de saneamento e à alta infestação de roedores infectados.

Algumas profissões facilitam o contato com as leptospiras, como trabalhadores em limpeza e desentupimento de esgotos, garis, catadores de lixo, agricultores, veterinários, tratadores de animais, pescadores, militares e bombeiros, dentre outros. Contudo, a maior parte dos casos ainda ocorre entre pessoas que habitam ou trabalham em locais com infraestrutura sanitária inadequada e expostas à urina de roedores.

Existem registros de leptospirose em todas as unidades da federação, com um maior número de casos nas regiões sul e sudeste. Entre os casos confirmados, o sexo masculino com faixa etária entre 20 e 49 anos estão entre os mais atingidos, embora não exista uma predisposição de gênero ou de idade para contrair a infecção. Quanto às características do local provável de infecção, a maioria ocorre em área urbana, e em ambientes domiciliares.

O quadro clínico da leptospirose varia de leve a moderado até formas graves e fatais, e ocorre geralmente em duas fases: uma primeira fase em que ocorre a disseminação da bactéria e que dura 2 a 9 dias, seguida de uma aparente melhora espontânea com nova piora, denominada segunda fase ou fase “imune” da doença. A leptospirose apresenta uma letalidade média de 9%.

Os principais sintomas da fase precoce são:
-Febre
-Dor de cabeça
-Dor muscular, principalmente nas panturrilhas
-Falta de apetite
-Náuseas/vômitos

Podem ocorrer ainda diarreia, dor nas articulações, vermelhidão ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular, tosse; mais raramente podem manifestar exantema, aumento do fígado e/ou baço, aumento de linfonodos e derrame conjuntival.

Em aproximadamente 15% dos pacientes com leptospirose, ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que normalmente iniciam-se após a primeira semana de doença. Nas formas graves, a manifestação clássica da leptospirose é a síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia (tonalidade amarela da pele que na leptospirose é alaranjada e muito intensa, chamada icterícia rubínica), insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar. Pode haver necessidade de internação hospitalar em UTI.

Manifestações na fase tardia:
Síndrome de Weil – tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragias
Síndrome de hemorragia pulmonar – lesão pulmonar aguda e sangramento maciço
Comprometimento pulmonar – tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica
Síndrome da angústia respiratória aguda – SARA

Manifestações hemorrágicas – pulmonar, pele, mucosas, órgãos e sistema nervoso central

Os casos com comprometimento pulmonar podem evoluir para insuficiência respiratória aguda, hemorragia maciça ou síndrome de angústia respiratória do adulto e, muitas vezes, esse quadro precede o quadro de icterícia e insuficiência renal. Nesses casos, pode ocorrer óbito nas primeiras 24 horas de internação.

Quais são as complicações da Leptospirose?
-Insuficiência renal aguda
-Miocardite – acompanhada ou não de choque e arritmias por distúrbios eletrolíticos
-Pancreatite
-Anemia
-Distúrbios neurológicos (confusão, delírio, alucinações e sinais de irritação meníngea)

A leptospirose é uma causa relativamente frequente de meningite asséptica. Raramente ocorrem: encefalite, paralisias focais, espasticidade, nistagmo, convulsões, distúrbios visuais de origem central, neurite periférica, paralisia de nervos cranianos, radiculite, síndrome de Guillain-Barré e mielite.

É fundamental realizar o diagnóstico e tratamento precoces para evitar a evolução para casos graves e fatais, porém é evidente que trata-se de uma doença prevenível com medidas sanitárias elementares como:

Obras de saneamento básico (drenagem de águas paradas suspeitas de contaminação, rede de coleta e abastecimento de água, construção e manutenção de galerias de esgoto e águas pluviais, coleta e tratamento de lixo e esgotos, desassoreamento, limpeza e canalização de córregos), melhorias nas habitações humanas e o controle de roedores.
Evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés).

A água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) mata as leptospiras e deve ser utilizada para desinfetar reservatórios de água: um litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água do reservatório. Para limpeza e desinfecção de locais e objetos que entraram em contato com água ou lama contaminada, a orientação é diluir 2 xícaras de chá (400ml) de água sanitária para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos.

Controle de roedores – acondicionamento e destino adequado do lixo, armazenamento apropriado de alimentos, desinfecção e vedação de caixas d´água, vedação de frestas e aberturas em portas e paredes etc. O uso de raticidas (desratização) deve ser feito por técnicos devidamente capacitados.

Utilize o conhecimento ao seu favor e previna-se contra a leptospirose!

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